sexta-feira, 26 de março de 2010

Supervia: Alessandro Molon entrega relatório sobre SuperVia ao Ministério Público

Fonte: O Globo e CBN

RIO - O deputado estadual Alessandro Molon (PT), autor do relatório da CPI da SuperVia, prometeu entregar nesta sexta-feira ao Ministério Público Estadual o resultado de uma vistoria feita na Estação Saracuruna, em Duque de Caxias, onde nesta quinta passageiros atearam fogo em uma composição, revoltados com a qualidade do serviço. A declaração foi dada em entrevista à Rádio CBN. A análise foi feita com o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e com o diretor do Sindicato dos Ferroviários. Eles constataram uma série de problemas, como uma das composições fora do nível da plataforma, e colheram relatos de usuários dos trens, que reclamaram da superlotação e de intervalos irregulares.

- Testemunhamos a chegada de um trem quase meio metro abaixo do nível da plataforma, com um vão que gerava riscos a idosos e crianças. Portadores de deficiência, então, nem pensar em entrar e sair do trem. Os passageiros chegaram por volta das 5h, viram chegar o primeiro e o segundo trem, que quebraram e não partiram. Quando chegou o terceiro trem, e o maquinista relatou que também estava com problemas, parte da população pediu dinheiro de volta, mas não recebeu, o que é outro problema constante da SuperVia. A bilheterias não conseguem devolver e o trabalhador fica sem dinheiro para pagar outro transporte e ir ao trabalho. Eles dão um vale-trem, mas o que o trabalhador vai fazer com isso? Então gera a revolta, com atos que ninguém aprova, mas que são explicados e entendidos por conta do péssimo serviço que vem sendo prestado - relatou o deputado.

Foi por essa razão que o deputado alegou ter pedido a CPI dos Transportes Ferroviários à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

- Já recolhi o número de assinaturas necessárias, mas ainda não consegui instalar, porque a presidência da Alerj resiste. Estou brigando para instalar a CPI do Metrô, da SuperVia e da Agetransp. O trabalho da agência precisa ser alvo de investigação, e os conselheiros precisam ser chamados à responsabilidade. Entrei na Justiça com mandado de segurança pedindo que o Tribunal de Justiça determine que a instalação da CPI, como manda a lei e a constituição - disse Molon.

Na avaliação do deputado, os problemas diários nos trens e metrô, e também os seguidos contratempos no serviço das barcas, estão relacionados à má atuação da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos em Transportes (Agetransp), classificada por ele como "frouxa".

- Um verdadeiro caos impera hoje no sistema de transportes estaduais. De um lado, a agência reguladora é frouxa, omissa, muito pouco atuante, o que deixa as concessionárias à vontade. O caso das chicotadas, por exemplo, ocorreu em abril do ano passado, e a multa só foi aplicada em março deste ano. Ou seja, quase um ano depois para aplicar uma multa de 0,05 % do faturamento, o que eu considero um valor baixo . É por essa razão que vou entregar o relatório ao Ministério Público, pedindo que a multa de R$ 100 mil diárias já determinada pela Justiça seja executada contra a empresa. Ou dói no bolso da empresa e ela começa a ter prejuízo, ou ela vai ficar tratando assim os usuários - disse.

Em dezembro, quatro conselheiros da Agetransp foram reconduzidos a seus cargos, com 44 votos a favor e 13 contra. Molon foi um dos deputados que não aprovou a manutenção dos nomes. Ele aproveitou o momento para criticar também o estado, pedindo uma postura mais dura do governador Sérgio Cabral.

- Os conselheiros foram reconduzidos no final do ano passado, depois de um mandato péssimo. Parece que, para o governo e boa parte dos deputados, o serviço vem sendo satisfatório. Para destituir os conselheiros, basta que o governador encaminhe um pedido de abertura de processo contra os mesmos. Pela lei, só o governador pode fazer isso. Então, se ele está percebendo essa omissão, basta que encaminhe um pedido de abertura de processo - defendeu.

No final da entrevista, o deputado fez questão de dizer que não aprova os atos de vandalismo e de depredação ocorridos em Saracuruna, mas culpou a SuperVia pelo serviço ruim no transporte ferroviário.

- Isso prejudica o trabalhador, a economia do estado, o comércio, a indústria, porque os trabalhadores chegam cansados, são tratados como gado e se sentem desrespeitados - disse, antes de concluir. - Sou contrário a essa forma de manifestação, mas é evidente que a revolta tem como causadora a própria concessionária. Essa reação não surgiu do nada. Não foram atos aleatórios, Os passageiros disseram que todo dia acontecem atrasos e superlotação, o que vai causando um estado de ânimo que faz com que se cometam atitudes impensadas e equivocadas, que merecem a nossa reprovação. Se a concessionária oferecesse um serviço decente, esses atos não teriam sido praticados. A SuperVia tem essa concessão há anos e, se o serviço não está melhor, é culpa dela.

Um comentário:

  1. Caraleo não sabia desta situação, vocês sabiam que o Piciani quer que o povo se foda e só.

    ResponderExcluir