quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cabral admite que bondes de Santa Teresa não têm controle do número de passageiros e estão sucateados

Fonte: O Globo

O governador Sérgio Cabral admitiu, na manhã desta quarta-feira, que os bondes de Santa Teresa estão sucateados, que não há controle na entrada do número de passageiros e que houve problema de gestão no transporte. Ele acrescentou que alguns veículos já foram reformados, mas outros ainda não. Cabral comentou o assunto antes do evento de comemoração pela doação que o empresário Eike Batista fez ao hospital Pro Criança no canteiro de obras da unidade em Botafogo, Zona Sul do Rio. Foi a primeira vez que ele falou publicamente sobre a situação dos bondes, após o acidente que matou cinco pessoas e deixou 57 feridas no sábado.

- A verdade é que a frota do bondinho hoje é muito sucateada. E não há nenhum controle de passageiros - ressaltou Cabral. O bonde que sofreu acidente no sábado levava 61 pessoas enquanto a lotação máxima é de 40.

Cabral negou que houvesse falta de investimento no sistema:

- Foram R$ 14 milhões em investimentos para a recuperação de bondes e trilhos. Mas me parece que houve problema de gerência - comentou Cabral.

O secretário de Transportes, Júlio Lopes, no entanto, admitiu, na sede da secretaria, também em Botafogo, que o valor não foi suficiente, apesar de avaliar que os R$ 14 milhões foram significativos. Segundo ele, era o que havia disponível.

- Tivemos muitas prioridades, e faltaram investimentos - afirmou.

O governador, que estava acompanhado da primeira-dama, Adriana Ancelmo, acrescentou que alguns países, como Portugal, encontraram soluções como colocar apenas uma entrada e uma saída nos bondes para controlar o número de passageiros.

- Pelo que foi informado nesta terça, as autoridades patrimoniais daqui resistem a isso - afirmou o governador, ressaltando que é preciso aguardar a perícia para avaliar as razões do acidente.

Quando foi indagado pelos jornalistas, por três vezes, sobre a possível exoneração do secretário de Transportes, o governador não se pronunciou.

O secretário Júlio Lopes comentou o fato de, neste mês de agosto, o bonde acidentado ter sido encaminhado 13 vezes para a oficina. Ele afirmou que era um bonde antigo, "de mais de 100 anos", e que toda vez que apresentava algum problema, parava, mas que não era possível prever acidentes.

- A segurança é nossa prioridade máxima - disse o secretário, apesar de nos últimos anos terem ocorridos vários acidentes nos bondinhos de Santa Teresa com mortes.

Rogério Onofre informará os resultados de seu trabalho, que não tem prazo para acabar, diretamente ao governador. A área de bondes da Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central) ficará subordinada à presidência do Detro, o que será confirmado num decreto de Cabral. O restante da companhia, que administra outros ramais ferroviários do Rio, continuará sob responsabilidade da Secretaria de Transportes. O secretário Júlio Lopes não quis comentar a intervenção.

O transporte sobre trilhos é motivo de uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público estadual contra Onofre. Ele é acusado de causar dano ao erário ao comprar sem licitação uma locomotiva durante a sua gestão à frente da prefeitura de Paraíba do Sul - onde foi prefeito por dois mandatos (1997 a 2004).

Onofre explicou que decidiu desapropriar e comprar a locomotiva porque não era possível abrir concorrência para a aquisição de um trem fabricado em 1910. A locomotiva foi usada para fazer o transporte de passageiros entre Paraíba do Sul e Paty do Alferes.

O presidente do Detro classificou como uma "missão difícil e árdua" a tarefa de reorganizar os bondes de Santa Teresa. Ele ressaltou a importância da intervenção num setor relevante para o turismo na cidade:

- O transporte por bondes é muito importante para o turismo do Rio e precisa ser tratado com seriedade. É um grande receptivo turístico de nível internacional.
Segundo Onofre, o levantamento da situação de segurança e funcionamento dos bondes começa nesta quarta, quando ele pretende se reunir com a direção da Central Logística e com representantes da Secretaria de Transportes.

- Prometo trabalho e luta para apresentar um diagnóstico da situação dos bondes. Vou fazer um trabalho em silêncio. Vamos trabalhar com parte da equipe do Detro e com pessoal cedido pelo gabinete civil. É uma operação de emergência, para a qual, por determinação do governador, posso requisitar funcionários de outras secretarias.

Enquanto durar a intervenção, o presidente do Detro acumulará funções. Depois do reordenamento dos bondes, ele informou que voltará a se dedicar exclusividade ao Detro. Onofre tem 54 anos e está há cinco anos à frente do Detro. Ex-prefeito de Paraíba do Sul pelo extinto PSB, mas hoje está sem partido, ele admitiu sua falta de experiência no transporte ferroviário:

- Quando entrei no Detro não tinha experiência em transporte alternativo. Nunca tinha entrado numa van. Experiência se adquire com muita dedicação e trabalho em equipe.
Alvo de pelo menos um atentado, por conta de sua atuação na repressão às vans irregulares, o presidente do Detro disse que continuará despachando cada dia de um lugar diferente e que sua segurança pessoal será mantida:

- Eu sei que isso não é vida para ninguém, já sofri atentados. Eu tinha uma missão árdua e agora tenho duas. Vou trabalhar para que isso (o acidente) não volte a acontecer. Esta é minha principal missão.

O delegado titular da 7ª DP (Santa Teresa), Tarcísio Jansen, pediu na terça-feira à Central informações sobre a manutenção dos bondes e a sua dotação orçamentária. Jansen quer saber se os recursos destinados pelo estado à empresa são suficientes para a manutenção do sistema e se a verba tem sido recebida e aplicada de maneira correta. A estatal tem sete dias para responder. O delegado disse que também vai ouvir os responsáveis pela manutenção dos bondes.

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foram ontem até a oficina dos bondes, em Santa Teresa, recolher peças para análise. As principais são as sapatas do freio do veículo acidentado, localizadas próximo ao ponto onde foi encontrado um pedaço de arame no lugar de um parafuso. As sapatas já tinham levantado suspeitas do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), que encontrou uma peça gasta. O Sindicato dos Ferroviários também informou que essas sapatas teriam sido trocadas dias antes da tragédia e que o material usado seria inadequado, não obedecendo a especificações técnicas.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

'A culpa não foi dele', diz vítima de acidente com bonde sobre motorneiro

Fonte: O Dia

Uma das vítimas do acidente com bonde em Santa Teresa no último sábado, Liliane Martins, de 24 anos, saiu em defesa do motorneiro Nelson Correa da Silva. Para Liliane, o que aconteceu poderia ser evitado com a manutenção do transporte e, além disso, o motorneiro que estava à frente do bondinho não pode ser apontado como o culpado.

"A culpa não foi dele, foi uma fatalidade", disse a vítima em entrevista ao RJTV, da TV Globo, nesta terça-feira.

O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, concedeu entrevista coletiva na tarde de segunda-feira e garantiu que não tem responsabilidade direta no acidente que matou cinco pessoas e feriu outras 57. "Vou me defender. Tenho convicção de que a segurança não foi negligenciada. Não era minha responsabilidade direta. Responderei com tranquilidade a tudo que me for arguido. Tenho notas fiscais e provas de que que os investimentos foram feitos. Ocorreu uma fatalidade", afirmou.

O secretário disse que vai contratar uma empresa pública para fazer auditoria e que o serviço seguirá suspenso até a conclusão deste trabalho. Lopes confirmou que às 15h de sábado, o bonde conduzido por Nelson Correa da Silva se chocou com um ônibus. O condutor teria feito o registro de ocorrência e, nas palavras do secretário, deveria ter voltado para a oficina. Segundo Lopes, não há explicação para o fato do bonde ter mais de 60 pessoas quando deveria estar vazio.

Além disso, o engenheiro da Central, Cláudio Nascimento, disse que a existência de um arame substituindo um parafuso pode ter sido feita por um motorneiro, de forma improvisada até a chegada na oficina. "Temos nota da compra do parafuso", garantiu, reforçando que o calendário de manutenção dos bondes está em dia. Júlio Lopes ainda disse desconhecer as queixas do sindicato dos ferroviários de que a situação dos bondes não é adequada.

Integrantes da Associação de Moradores de Santa Teresa se revoltaram com as declarações de Lopes e protestaram com faixas, acusando o secretário de omissão. A presidente da entidade, Elzbieta Mitkiewicz, era uma das mais indignadas. "Estou enojada. Ele (Lopes) jogou a culpa no morto, que não pode se defender".

Inquérito

Funcionários Companhia estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central), que administra os bondes de Santa Teresa serão intimados a depor. A polícia quer saber informações técnicas e administrativas sobre a manutenção dos veículos e a dotação orçamentária da empresa para saber se os recursos são suficientes para a manutenação dos bondes.

Nesta terça-feira, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) estiveram na oficina de manutenção dos bondinhos. Eles recolheram sapatas e outras peças que serão levadas para análise.

Feridos

Quinze pessoas feridas no acidente com o bondinho de Santa Teresa, no sábado, ainda estão internadas. A rede de hospitais D'Or informou nesta terça-feira que seis pessoas estão internadas em duas de suas unidades. No Quinta D’Or, um paciente está internado em um quarto, sem previsão de alta, com estado de saúde estável. Já no Hospital Copa D’Or, cinco pacientes passarão por intervenção cirúrgica nesta terça e não há previsão de alta.

Um menino de três anos permanece internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital Souza Aguiar e seu estado de saúde é estável. No Souza Aguiar, três mulheres estão internadas e passam bem. Uma delas passou por uma cirurgia nesta terça. Um jovem internado no hospital Miguel Couto também passa bem. No Hospital São Lucas, em Copacabana, mais quatro pessoas estão internadas.

Comemoração se transformou em inferno


Era para ser um passeio para comemorar a formatura no curso da Marinha, mas a tarde no bairro com nome de santa virou um inferno. Douglas Tavares, de 31 anos, que estava com mãe e uma amiga da família no bondinho conta que, na hora do acidente, os passageiros se desesperaram. “Começou a pegar velocidade e as pessoas gritavam. Muitas pularam”, lembra. Douglas teve cortes na cabeça e rosto. A mãe, Maria Elisa Machado, de 64 anos, segue internada. A amiga da família, Anaisa Rizzoli Gazziotte, 63, achou que morreria: “Vi a morte. Quando o bonde tombou, muitas pessoas caíram em cima de mim”.

Ambulante anuncia produtos com alto-falante em trem da Supervia

Fonte: O Globo

Com uma caixa de som na cintura e alto-falante a postos, o ambulante promove: 'Olha o leitor de cartão de memória, por apenas R$ 5". É assim que uma rede de vendedores irregulares têm atuado nos trens da Supervia. A prática, coibida no Centro do Rio, tem se tornado cada vez mais comum nos ramais de Bangu e Santa Cruz, como mostra o vídeo de um leitor, que preferiu não se identificar.

"Não bastassem todos os problemas proporcionados pela Supervia, os passageiros também têm que aturar os vendedores aos berros, incomodando os usuários. Agora, eles contam com um recurso a mais: alto-falantes", criticou o internauta.

Ainda segundo o leitor, a fiscalização nas plataformas de embarque e desembarque não é atuante.

"Os vendedores trocam de vagão em cada estação. Como é que, com esses equipamentos, os seguranças não os retiram dali?", questionou.

A Supervia afirma que realiza operações para coibir a presença de vendedores não autorizados no sistema ferroviário. Para isso, diz contar com o apoio da Polícia Militar e do Núcleo de Policiamento Ferroviário (NPFer). Nessas ocasiões, são apreendidas mercadorias e feitos registros em delegacia, segundo a concessionária.

A Agetransp, agência reguladora dos transportes públicos no Rio, explica que, tanto seus fiscais como os seguranças da Supervia, podem solicitar a interrupção da atividade dos ambulantes, mas não têm o poder de retirá-los dos vagões.

Segundo o órgão, que classificou a prática como "problema social antigo", apenas a polícia têm autoridade para expulsá-los e recolher a mercadoria. A agência disse que a fiscalização é dificultada ainda porque os vendedores "contam com a simpatia da maioria dos usuários" do trem.

Problemas nos trens do Rio são recorrentes no Eu-repórter. Leitores já enviaram denúncias sobre a sujeira que tomou conta dos vagões e, ainda, de goteiras que incomodavam usuários em dias de chuva.

Para denunciar situações semelhantes, a Supervia pede que os usuários entrem em contato por meio do telefone: 0800-726-9494.

Funcionários de companhia estadual serão intimados a depor sobre manutenção de bondes de Santa Teresa

Fonte: O Globo

O delegado titular da 7ª DP (Santa Teresa), Tarcisio Jansen, disse que vai enviar, ainda durante esta terça-feira, um ofício à Companhia estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central), que administra os bondes de Santa Teresa. Ele quer informações técnicas e administrativas sobre a manutenção dos veículos e a dotação orçamentária da empresa para saber se os recursos são suficientes para a manutenação dos bondes. Nesse ofício, todos os técnicos e funcionários da Central serão intimados a depor formalmente para explicar como é feito o trabalho com os veículos. No sábado, um bondinho descarrilhou matando cinco pessoas e ferindo outras 57.

Jansen acrescentou que o laudo da perícia deve ficar pronto no período de 15 a 20 dias a contar de sábado, data do acidente. As testemunhas, segundo ele, estão sendo ouvidas aos poucos, à medida que são liberadas do hospital. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli estiveram nesta terça na oficina dos bondes de Santa Teresa recolhendo material para análise na tentativa de descobrir as causas do acidente. Entre o material recolhido está a sapata do freio do bonde acidentado, que fora trocada dias antes da tragédia. Na segunda, o Sindicato dos Ferroviários já havia levantado suspeitas sobre o funcionamento dessa peça, pedindo uma vistoria do equipamento. Enquanto isso, o baixo de Santa Teresa segue em luto. No local do acidente, na Rua José Murtinho, o filho do mortorneiro Nelson Gouvea, que conduzia o bonde, colou um cartaz agradecendo aos moradores do bairro pelo "carinho com pai".

Reportagem publicada pelo GLOBO nesta terça-feira mostrou que o arame que substituía um parafuso no bondinho que descarrilou pode ser apenas a ponta de um problema muito maior : a falta de recursos para a manutenção adequada dos trens. Um levantamento feito no Sistema de Acompanhamento Financeiro do Estado (Siafem) mostra que o governo empenhou (reservou para pagamento), em 2007 e 2008, apenas 7% do previsto no programa de "revitalização, modernização e integração de bondes", que consta do orçamento da Companhia de Engenharia de Transportes e Logística (Central), responsável pelo transporte. Esse programa não aparece na execução orçamentária do órgão em 2009 e 2010. Na soma dos quatro anos, o governo também reduziu em 14% os recursos destinados à "manutenção das atividades operacionais e administrativas" da Central.

Com relação aos investimentos, a Central tinha uma programação de R$ 620 milhões para o período 2007-2010, mas só empenhou 34% desse montante (R$ 214 milhões). Esses recursos fazem parte do orçamento total da Central, que, até o início deste ano, administrava também a ligação Guapimirim-Saracuruna, que foi repassada para a Supervia.

Questionada, a Secretaria estadual de Transportes, órgão ao qual a Central é vinculada, apresentou outros dados. Informou que desde 2007 foram destinados R$ 14 milhões para a compra de equipamentos para os bondes e este ano foram repassados R$ 350 mil para a manutenção e assistência técnica preventiva. O órgão não explicou, no entanto, quanto aplicou em manutenção entre 2007 e 2010, período analisado pelo GLOBO. A secretaria acrescentou também que o bonde envolvido no acidente estava com a manutenção em dia.

Os últimos reparos foram feitos na quinta-feira passada. "Todas as sapatas do freio foram trocadas no mês de agosto", diz a nota da secretaria. Já o governador Sérgio Cabral, que está no Espírito Santo, não quis comentar o acidente com o bondinho.

Segundo os dados do Siafem, o estado pretendia aplicar R$ 1,8 milhão com a revitalização e modernização em 2007 e 2008, mas só empenhou (reservou para pagar) R$ 133 mil. Nos anos seguintes, não há registros desse programa no orçamento da Central. Outros dados mostram que a companhia não conseguiu realizar todo o seu planejamento.

De 2007 a 2010, a Central previu desembolsar R$ 31,6 milhões com a manutenção de suas atividades operacionais, mas reduziu o orçamento para R$ 27 milhões - ou seja, uma queda de R$ 4,4 milhões (14%).

Na Central, os engenheiros sabem que os recursos para a manutenção dos bondinhos não seguem uma programação orçamentária adequada. Engenheiro da companhia e membro da direção do Sindicato dos Engenheiro do Rio (Senge-RJ), Jorge Saraiva da Rocha afirmou que os repasses para a manutenção " às vezes sequer são utilizados para esta finalidade". Rocha acrescentou que o serviço de reparos é "totalmente inadequado".

- Há poucos recursos para a manutenção e, muitas vezes, o dinheiro previsto no orçamento não chega para ser aplicado em manutenção. O trabalho de manutenção dos bondinhos é totalmente inadequado. Não existe uma programação.

No ano passado, o Senge-RJ elaborou um estudo sobre os investimentos que seriam necessários para recuperar o sistema de trilhos sob a responsabilidade da Central. O estudo foi entregue ao governo mas, segundo Saraiva, nunca houve resposta. O estudo previa o investimento de R$ 11,3 milhões nos sistema de bondes de Santa Teresa.

Para o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que fez o levantamento no Siafem a pedido do GLOBO, os números indicam que o governo deixou de priorizar a manutenção dos bondes:

- Somente após o trágico acidente ocorrido é que o governo veio a público dizer que vai dar prioridade à modernização dos bondinhos.

O valor destinado à compra de equipamentos (R$ 14 milhões) informado pela Secretaria de Transportes é semelhante ao que consta no contrato firmado entre o governo e a empresa TTrans - Sistemas de Transportes S/A para a modernização dos bondes de Santa Teresa. Analisado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o contrato e cinco termos aditivos relativos à ele foram considerados ilegais devido à incompatibilidade dos valores que deveriam compor todo o serviço. O TCE informou que outros cinco termos aditivos relativos ao mesmo contrato estão sob análise.

A Secretaria de Transportes alega que a decisão do TCE é um dos fatores que atrasaram a modernização, uma vez que ela impede o repasse de recursos para a empresa. Mas afirma que ela deve cair nas próximas semanas. Para o governo, o TCE considerou o contrato ilegal diante da dificuldade de se fazer uma tomada de preços do material utilizado na modernização dos bondes, que, segundo a secretaria, é feito sob medida. Mesmo assim, o órgão afirma que cumprirá as exigências do tribunal ainda este mês.

O Sindicato dos Ferroviários criará uma comissão para acompanhar as perícias do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e do Crea-RJ, que vão apontar as causas do acidente com o bonde em Santa Teresa, na tarde do último sábado, que deixou cinco mortos . Em assembleia realizada nesta segunda-feira, eles apontaram uma série de problemas na operação dos bondes que, segundo os sindicalistas, tem uma média de dois mil passageiros por dia, chegando até quatro mil no período de férias. O sindicato vai pedir ainda a vistoria no sistema de frenagem.

De acordo com Pedro Ricardo de Oliveira Neto, diretor financeiro do sindicato, um dos principais problemas é a má qualidade do material usado na manutenção dos bondes.

Além disso, ele apontou a demissão de mão de obra especializada nos últimos anos como uma das causas do problema com os tradicionais veículos. Em 2008, segundo ele, a empresa que administra os bondes demitiu 849 funcionários. Só esse ano, foram cerca de 120 demissões. A média salarial dos empregados é de R$ 700. Um maquinista ganha, no máximo, R$ 450. Enquanto isso, não há novas contratações e a demanda de passageiros aumenta. Ele lembra que no início dos anos 90 eram 14 bondes em operação.

Hoje, são cinco, sendo que sempre há um fora de circulação.

- O material usado nos bondes é de baixa qualidade. Estamos verificando, por exemplo, qual era a qualidade da sapata trocada há poucos dias no bonde. Na rede aérea, também é usado uma presilha de baixa qualidade. Por isso, o bonde está sempre soltando. Há também a questão da troca do trilho. Parte foi trocada recentemente e o trilho está muito desgastado. No geral, os bondes têm uma manutenção precária e quando passam pela manutenção não tem peça apropriada para resolver os problemas encontrados. A última grande reforma dos bondes antigos foi nos anos 80 - disse Pedro Ricardo.

Segundo o sindicalista, pequenos acidentes têm sido frequentes, mas não chegam a ser noticiados. Ainda de acordo com ele, esses acidentes acontecem devido ao aumento da demanda e a redução do número de bondes.

- Não tem peça. Em vez de trocar, remenda - afirma.

No dia 15 de setembro a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai realizar uma audiência pública para debater a situação dos bondes de Santa Teresa. A reunião já estava marcada para essa data desde a morte de um turista francês que caiu do bondinho no momento em que ele passava sobre os Arcos da Lapa, no dia 24 de junho.

A comissão convocará os responsáveis pela Central Logística, empresa do governo que administra os bondes de Santa Teresa. Também serão convidados o secretário Estadual de Transportes, Júlio Lopes, representantes do Ministério Público, do Crea-RJ, e da Associação de Moradores de Santa Teresa.

Estado investe pouco em manutenção de sistema de bondes

Fonte: O Globo

O arame que substituía um parafuso no bondinho que descarrilou no sábado, em Santa Teresa, matando cinco pessoas e ferindo outras 57, pode ser apenas a ponta de um problema muito maior: a falta de recursos para a manutenção adequada dos trens. Um levantamento feito no Sistema de Acompanhamento Financeiro do Estado (Siafem) mostra que o governo empenhou (reservou para pagamento), em 2007 e 2008, apenas 7% do previsto no programa de "revitalização, modernização e integração de bondes", que consta do orçamento da Companhia de Engenharia de Transportes e Logística (Central), responsável pelo transporte. Esse programa não aparece na execução orçamentária do órgão em 2009 e 2010. Na soma dos quatro anos, o governo também reduziu em 14% os recursos destinados à "manutenção das atividades operacionais e administrativas" da Central.

Com relação aos investimentos, a Central tinha uma programação de R$ 620 milhões para o período 2007-2010, mas só empenhou 34% desse montante (R$ 214 milhões). Esses recursos fazem parte do orçamento total da Central, que, até o início deste ano, administrava também a ligação Guapimirim-Saracuruna, que foi repassada para a Supervia.

Questionada, a Secretaria estadual de Transportes, órgão ao qual a Central é vinculada, apresentou outros dados. Informou que desde 2007 foram destinados R$ 14 milhões para a compra de equipamentos para os bondes e este ano foram repassados R$ 350 mil para a manutenção e assistência técnica preventiva. O órgão não explicou, no entanto, quanto aplicou em manutenção entre 2007 e 2010, período analisado pelo GLOBO. A secretaria acrescentou também que o bonde envolvido no acidente estava com a manutenção em dia.

Os últimos reparos foram feitos na quinta-feira passada. "Todas as sapatas do freio foram trocadas no mês de agosto", diz a nota da secretaria. Já o governador Sérgio Cabral, que está no Espírito Santo, não quis comentar o acidente com o bondinho.

Segundo os dados do Siafem, o estado pretendia aplicar R$ 1,8 milhão com a revitalização e modernização em 2007 e 2008, mas só empenhou (reservou para pagar) R$ 133 mil. Nos anos seguintes, não há registros desse programa no orçamento da Central. Outros dados mostram que a companhia não conseguiu realizar todo o seu planejamento. De 2007 a 2010, a Central previu desembolsar R$ 31,6 milhões com a manutenção de suas atividades operacionais, mas reduziu o orçamento para R$ 27 milhões - ou seja, uma queda de R$ 4,4 milhões (14%).

Na Central, os engenheiros sabem que os recursos para a manutenção dos bondinhos não seguem uma programação orçamentária adequada. Engenheiro da companhia e membro da direção do Sindicato dos Engenheiro do Rio (Senge-RJ), Jorge Saraiva da Rocha afirmou que os repasses para a manutenção " às vezes sequer são utilizados para esta finalidade". Rocha acrescentou que o serviço de reparos é "totalmente inadequado".

- Há poucos recursos para a manutenção e, muitas vezes, o dinheiro previsto no orçamento não chega para ser aplicado em manutenção. O trabalho de manutenção dos bondinhos é totalmente inadequado. Não existe uma programação.

No ano passado, o Senge-RJ elaborou um estudo sobre os investimentos que seriam necessários para recuperar o sistema de trilhos sob a responsabilidade da Central. O estudo foi entregue ao governo mas, segundo Saraiva, nunca houve resposta. O estudo previa o investimento de R$ 11,3 milhões nos sistema de bondes de Santa Teresa.

Para o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que fez o levantamento no Siafem a pedido do GLOBO, os números indicam que o governo deixou de priorizar a manutenção dos bondes:

- Somente após o trágico acidente ocorrido é que o governo veio a público dizer que vai dar prioridade à modernização dos bondinhos.

O valor destinado à compra de equipamentos (R$ 14 milhões) informado pela Secretaria de Transportes é semelhante ao que consta no contrato firmado entre o governo e a empresa TTrans - Sistemas de Transportes S/A para a modernização dos bondes de Santa Teresa. Analisado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o contrato e cinco termos aditivos relativos à ele foram considerados ilegais devido à incompatibilidade dos valores que deveriam compor todo o serviço. O TCE informou que outros cinco termos aditivos relativos ao mesmo contrato estão sob análise.

A Secretaria de Transportes alega que a decisão do TCE é um dos fatores que atrasaram a modernização, uma vez que ela impede o repasse de recursos para a empresa. Mas afirma que ela deve cair nas próximas semanas. Para o governo, o TCE considerou o contrato ilegal diante da dificuldade de se fazer uma tomada de preços do material utilizado na modernização dos bondes, que, segundo a secretaria, é feito sob medida. Mesmo assim, o órgão afirma que cumprirá as exigências do tribunal ainda este mês.

O Sindicato dos Ferroviários criará uma comissão para acompanhar as perícias do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e do Crea-RJ, que vão apontar as causas do acidente com o bonde em Santa Teresa, na tarde do último sábado, que deixou cinco mortos . Em assembleia realizada nesta segunda-feira, eles apontaram uma série de problemas na operação dos bondes que, segundo os sindicalistas, tem uma média de dois mil passageiros por dia, chegando até quatro mil no período de férias. O sindicato vai pedir ainda a vistoria no sistema de frenagem.

De acordo com Pedro Ricardo de Oliveira Neto, diretor financeiro do sindicato, um dos principais problemas é a má qualidade do material usado na manutenção dos bondes. Além disso, ele apontou a demissão de mão de obra especializada nos últimos anos como uma das causas do problema com os tradicionais veículos. Em 2008, segundo ele, a empresa que administra os bondes demitiu 849 funcionários. Só esse ano, foram cerca de 120 demissões.

A média salarial dos empregados é de R$ 700. Um maquinista ganha, no máximo, R$ 450. Enquanto isso, não há novas contratações e a demanda de passageiros aumenta. Ele lembra que no início dos anos 90 eram 14 bondes em operação. Hoje, são cinco, sendo que sempre há um fora de circulação.

- O material usado nos bondes é de baixa qualidade. Estamos verificando, por exemplo, qual era a qualidade da sapata trocada há poucos dias no bonde. Na rede aérea, também é usado uma presilha de baixa qualidade. Por isso, o bonde está sempre soltando. Há também a questão da troca do trilho. Parte foi trocada recentemente e o trilho está muito desgastado. No geral, os bondes têm uma manutenção precária e quando passam pela manutenção não tem peça apropriada para resolver os problemas encontrados. A última grande reforma dos bondes antigos foi nos anos 80 - disse Pedro Ricardo.

Segundo o sindicalista, pequenos acidentes têm sido frequentes, mas não chegam a ser noticiados. Ainda de acordo com ele, esses acidentes acontecem devido ao aumento da demanda e a redução do número de bondes.

- Não tem peça. Em vez de trocar, remenda - afirma.

No dia 15 de setembro a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai realizar uma audiência pública para debater a situação dos bondes de Santa Teresa. A reunião já estava marcada para essa data desde a morte de um turista francês que caiu do bondinho no momento em que ele passava sobre os Arcos da Lapa, no dia 24 de junho.

A comissão convocará os responsáveis pela Central Logística, empresa do governo que administra os bondes de Santa Teresa. Também serão convidados o secretário Estadual de Transportes, Júlio Lopes, representantes do Ministério Público, do Crea-RJ, e da Associação de Moradores de Santa Teresa.

Quatro pessoas que se machucaram durante o acidente com o bondinho de Santa Teresa, no sábado, estão internadas em estado estável no Hospital Souza Aguiar, no Centro. A criança que estava em estado mais grave foi operada, está no CTI, mas não corre risco de morrer. Outros três pacientes estão internados no Hospital Copa D'Or, na Zona Sul. Orlando Moreira Neves, de 43 anos, está estável. Com fratura no nariz, ele ainda não tem previsão de alta. A mulher dele, Daniele Dourado Nunes, de 40 anos, está no CTI e irá realizar uma cirurgia para corrigir uma fratura exposta. A outra paciente Fanny Bertrand foi operada no Hospital Souza Aguiar de uma fratura na tíbia e foi transferida na manhã desta segunda-feira para a unidade particular.


Um dos passageiros que ficaram feridos no acidente em Santa Teresa contou, ao telejornal "RJTV", que o bonde parou por falta de luz antes do acidente que deixou cinco mortos e mais de 50 feridos.

- Durante a subida, o bonde parou por falta de energia. Mas aí depois continuou a viagem - afirmou o jovem Douglas Tavares.

O jovem afirmou ainda que antes disso, o bonde de Santa Teresa já havia apresentado outro problema.

- Quando eu tava na fila, avisaram que um bonde teve problema, mas que o serviço ia voltar ao normal - afirmou ao telejornal.

Douglas chegou a desmaiar com o impacto da batida e teve vários cortes na cabeça. A mãe de Douglas também se feriu e continua internada no CTI. Ele afirmou que ela sofreu fraturas no rosto.

- Quando eu vi que uma pessoa tinha caído do bonde, olhei para trás e essa pessoa tava rolando na rua, aí que eu percebi que alguma coisa tava errada ali, que alguma coisa ia acontecer - disse Douglas Tavares. -Depois disso, o bonde perdeu o freio completamente, conseguiu fazer uma curva pra direita ainda, mas aí quando chegou uma curva maior, pra esquerda, ele acabou tombando - detalhou.

A associação de Moradores de Santa Teresa (Amast) está convocando para quinta-feira duas manifestações de luto por conta do acidente. A data, 1° de setembro, marca 115 anos do serviço de bondinhos. Segundo a presidente da associação, Elzbieta Mitkiewicz, a manifestação já estava marcada desde antes do acidente, em protesto contra as más condições do transporte. Com a tragédia, ganhou também um caráter de luto pelas vítimas.

- A omissão do estado é que matou. Tem gente morrendo por essa omissão - disse Elzbieta.

Ela apresentou um documento no qual o Crea-RJ aprontava falhar nos sistema de freios nos VLTs, que há cerca de cinco anos funcionam nas linhas de bondes de Santa Teresa. De acordo com o Crea, havia um "grave erro" na localização do equipamento que aciona os freios, na parte lateral da estrutura dos bondes. Pelo documento, qualquer acidente com impacto poderia danificar essa estrutura, fazendo com que o veículo perdesse o freio.

Elzbieta chamou a atenção para o fato de, em junho último, moradores do bairro terem feito uma "força-tarefa virtual" para enviar pedidos à Ouvidoria do governo do estado, cobrando o cumprimento de uma determinação judicial, de 2008, em que o estado era intimado a por 14 bondes em funcionamento nas linhas de Santa Tereza. Segundo ela, a decisão não foi cumprida. A primeira manifestação acontecerá às 9h, na estação do bondinho

Mas não são só os bondes antigos que estão com problemas. Segundo um funcionário que pediu para não se identificar, os três VLTs que circulam pelo bairro são "máquina assassinas". De acordo com ele, os problemas são "frequentes e sérios". Amigos do maquinista Nelson Corrêa da Silva, que morreu no acidente, disseram que no sábado ele comemorava aniversário de casamento e, domingo, haveria uma festa preparada pela família. O corpo de Nelson foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.

De acordo com amigos e passageiras antigas, Nelson sempre zelou muito pelo seu trabalho. Ele morava em Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense, e costumava iniciar o trabalho no turno da tarde. Tinha 57 anos, era casado, e deixa um casal de filhos, uma delas com necessidades especiais. "Seu Nelson era uma pessoa simples, super tranquilo, muito preocupado e zeloso com o trabalho", contou uma das passageiras, que há cerca de dois anos andava no bonde durante a semana com o mesmo condutor. Quando chovia, de acordo com ela, Nelson costumava jogar areia nos trilhos para ajudar na frenagem do carro.

Condutor do bonde de Santa Teresa ignorou ida à oficina antes do acidente

Fonte: JB

O secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, convocou, na tarde desta segunda-feira, uma coletiva de imprensa para explicar o acidente com um bonde em Santa Teresa. No incidente, cinco pessoas morreram.

De acordo com Júlio Lopes, o condutor Nelson Corrêa deveria estar levando o bonde para a manutenção no momento do acidente já que o veículo tinha acado de colidir com um ônibus. Dois dias antes da tragédia, o mesmo bonde já tinha passado por uma manutenção. A razão pela qual Nelson não foi para a oficina ainda é desconhecida.

"Não queremos culpar nem acusar ninguém", disse Júlio Lopes. " O Nelson era um funcionário exemplar, conhecido entre os colegas como 'tartaruga', por dirigir devagar. Nossa grande dúvida é saber por quê ele não foi para a oficina. Quem vai dizer a razão disso será a perícia".

Membros da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast) estavam presentes na Secretaria de Transportes e tentaram começar uma manifestação durante a coletiva de imprensa. Contidos pelos seguranças, eles se revoltaram com a tentativa de culpar o condutor pelo acidente.

"Todo mundo que frequenta Santa Teresa sabe como os pontos ficam superlotados. Com certeza, o Nelson ficou constrangido pelas filas enormes e pela demora de 40 minutos por um bonde. Ele deve ter passado pelos pontos lotados e decidiu voltar", apontou Álvaro Braga, historiador e membro da AMAST. "Não pensei que eles fossem adotar a tática de 'culpar o morto'".

Júlio Lopes também apontou a superlotação dos veículos como principal causa dos acidentes e acusou os frequentadores do bonde de forçar a entrada, mesmo sob protestos dos condutores. Questionado sobre as razões da lotação, ele admitiu que o número de bondes não era o suficiente para atender a demanda.

"Estamos falando de bondes criados há mais de 100 anos, todos feitos para atender a uma realidade completamente diferente. E é difícil mordenizá-los, já que os trilhos foram especificamente para requisitos daquela época", explicou o secretário. "O número de bondes realmente não era o suficiente para atender o bairro".

Os membros da Amast também reclamaram de a Secretaria de Transportes ter recorrido de uma ação civil pública (ACP) do Ministério Público que pedia a modernização dos bondes para garantir a segurança dos passageiros. A justiça estadual condenou a Secretaria a cumprir a ação, que levou o processo para a esfera federal.

"Plagiando o escritor, tudo isso foi a crônica de uma tragédia anunciada. Eles chegaram ao ponto de recorrer de uma ação que pedia apenas a modernização dos veículos, arrastando ainda mais o processo", disse Álvaro Braga, indignado. "Honestamente, não consigo entender como o governador Sérgio Cabral mantém o Júlio Lopes como secretário de Transportes após essas seis mortes no bondinho em menos de um ano. O Júlio Lopes é dono de duas escolas e formado em marketing. Ele não entende nada de transportes e já deveria ter sido exonerado há muito tempo".

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sindicato dos Ferroviários criará comissão para acompanhar perícias que vão apontar causas de acidente com bonde em Santa Teresa

Fonte: O Globo

O Sindicato dos Ferroviários criará uma comissão para acompanhar as perícias do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e do Crea-RJ, que vão apontar as causas do acidente com o bonde em Santa Teresa, na tarde do último sábado, que deixou cinco mortos . Em assembleia realizada nesta segunda-feira, eles apontaram uma série de problemas na operação dos bondes que, segundo os sindicalistas, tem uma média de dois mil passageiros por dia, chegando até quatro mil no período de férias. O sindicato vai pedir ainda a vistoria no sistema de frenagem.

De acordo com Pedro Ricardo de Oliveira Neto, diretor financeiro do sindicato, um dos principais problemas é a má qualidade do material usado na manutenção dos bondes. Além disso, ele apontou a demissão de mão de obra especializada nos últimos anos como uma das causas do problema com os tradicionais veículos. Em 2008, segundo ele, a empresa que administra os bondes demitiu 849 funcionários. Só esse ano, foram cerca de 120 demissões. A média salarial dos empregados é de R$ 700. Um maquinista ganha, no máximo, R$ 450. Enquanto isso, não há novas contratações e a demanda de passageiros aumenta. Ele lembra que no início dos anos 90 eram 14 bondes em operação. Hoje, são cinco, sendo que sempre há um fora de circulação.

- O material usado nos bondes é de baixa qualidade. Estamos verificando, por exemplo, qual era a qualidade da sapata trocada há poucos dias no bonde. Na rede aérea, também é usado uma presilha de baixa qualidade. Por isso, o bonde está sempre soltando. Há também a questão da troca do trilho. Parte foi trocada recentemente e o trilho está muito desgastado. No geral, os bondes têm uma manutenção precária e quando passam pela manutenção não tem peça apropriada para resolver os problemas encontrados. A última grande reforma dos bondes antigos foi nos anos 80 - disse Pedro Ricardo.
Segundo o sindicalista, pequenos acidentes têm sido frequentes, mas não chegam a ser noticiados. Ainda de acordo com ele, esses acidentes acontecem devido ao aumento da demanda e a redução do número de bondes.

- Não tem peça. Em vez de trocar, remenda - afirma.

No dia 15 de setembro a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai realizar uma audiência pública para debater a situação dos bondes de Santa Teresa. A reunião já estava marcada para essa data desde a morte de um turista francês que caiu do bondinho no momento em que ele passava sobre os Arcos da Lapa, no dia 24 de junho.

A comissão convocará os responsáveis pela Central Logística, empresa do governo que administra os bondes de Santa Teresa. Também serão convidados o secretário Estadual de Transportes, Júlio Lopes, representantes do Ministério Público, do Crea-RJ, e da Associação de Moradores de Santa Teresa.

Quatro pessoas que se machucaram durante o acidente com o bondinho de Santa Teresa, no sábado, estão internadas em estado estável no Hospital Souza Aguiar, no Centro. A criança que estava em estado mais grave foi operada, está no CTI, mas não corre risco de morrer. Outros três pacientes estão internados no Hospital Copa D'Or, na Zona Sul. Orlando Moreira Neves, de 43 anos, está estável. Com fratura no nariz, ele ainda não tem previsão de alta. A mulher dele, Daniele Dourado Nunes, de 40 anos, está no CTI e irá realizar uma cirurgia para corrigir uma fratura exposta. A outra paciente Fanny Bertrand foi operada no Hospital Souza Aguiar de uma fratura na tíbia e foi transferida na manhã desta segunda-feira para a unidade particular.

Um dos passageiros que ficaram feridos no acidente em Santa Teresa contou, ao telejornal "RJTV", que o bonde parou por falta de luz antes do acidente que deixou cinco mortos e mais de 50 feridos.

- Durante a subida, o bonde parou por falta de energia. Mas aí depois continuou a viagem - afirmou o jovem Douglas Tavares.

O jovem afirmou ainda que antes disso, o bonde de Santa Teresa já havia apresentado outro problema.

- Quando eu tava na fila, avisaram que um bonde teve problema, mas que o serviço ia voltar ao normal - afirmou ao telejornal.

Douglas chegou a desmaiar com o impacto da batida e teve vários cortes na cabeça. A mãe de Douglas também se feriu e continua internada no CTI. Ele afirmou que ela sofreu fraturas no rosto.

- Quando eu vi que uma pessoa tinha caído do bonde, olhei para trás e essa pessoa tava rolando na rua, aí que eu percebi que alguma coisa tava errada ali, que alguma coisa ia acontecer - disse Douglas Tavares. -Depois disso, o bonde perdeu o freio completamente, conseguiu fazer uma curva pra direita ainda, mas aí quando chegou uma curva maior, pra esquerda, ele acabou tombando - detalhou.

A associação de Moradores de Santa Teresa (Amast) está convocando para quinta-feira duas manifestações de luto por conta do acidente. A data, 1° de setembro, marca 115 anos do serviço de bondinhos. Segundo a presidente da associação, Elzbieta Mitkiewicz, a manifestação já estava marcada desde antes do acidente, em protesto contra as más condições do transporte. Com a tragédia, ganhou também um caráter de luto pelas vítimas.

- A omissão do estado é que matou. Tem gente morrendo por essa omissão - disse Elzbieta.

Ela apresentou um documento no qual o Crea-RJ aprontava falhar nos sistema de freios nos VLTs, que há cerca de cinco anos funcionam nas linhas de bondes de Santa Teresa. De acordo com o Crea, havia um "grave erro" na localização do equipamento que aciona os freios, na parte lateral da estrutura dos bondes. Pelo documento, qualquer acidente com impacto poderia danificar essa estrutura, fazendo com que o veículo perdesse o freio.

Elzbieta chamou a atenção para o fato de, em junho último, moradores do bairro terem feito uma "força-tarefa virtual" para enviar pedidos à Ouvidoria do governo do estado, cobrando o cumprimento de uma determinação judicial, de 2008, em que o estado era intimado a por 14 bondes em funcionamento nas linhas de Santa Tereza. Segundo ela, a decisão não foi cumprida. A primeira manifestação acontecerá às 9h, na estação do bondinho

Mas não são só os bondes antigos que estão com problemas. Segundo um funcionário que pediu para não se identificar, os três VLTs que circulam pelo bairro são "máquina assassinas". De acordo com ele, os problemas são "frequentes e sérios". Amigos do maquinista Nelson Corrêa da Silva, que morreu no acidente, disseram que no sábado ele comemorava aniversário de casamento e, domingo, haveria uma festa preparada pela família. O corpo de Nelson foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.
De acordo com amigos e passageiras antigas, Nelson sempre zelou muito pelo seu trabalho. Ele morava em Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense, e costumava iniciar o trabalho no turno da tarde. Tinha 57 anos, era casado, e deixa um casal de filhos, uma delas com necessidades especiais. "Seu Nelson era uma pessoa simples, super tranquilo, muito preocupado e zeloso com o trabalho", contou uma das passageiras, que há cerca de dois anos andava no bonde durante a semana com o mesmo condutor. Quando chovia, de acordo com ela, Nelson costumava jogar areia nos trilhos para ajudar na frenagem do carro.

Vítima de acidente em Santa Teresa diz que vai processar o governo do estado

Fonte: O Globo

Primeiro, um homem saltou do bonde em movimento desesperado. Depois, vieram os gritos de que o veículo estava sem freio, levando pânico aos passageiros. Um dia depois da tragédia do bonde de Santa Teresa, essas cenas de terror não saem da cabeça do militar Nerei Barbosa, de 47 anos. Ele, a mulher Maria da Consolação Correia, de 37, e a cunhada paraense Maria de Fátima Correia, de 47, que faziam um passeio turístico, estavam entre os 57 feridos do acidente. Os três foram encaminhados para o Hospital Souza Aguiar.

Revoltado com a falta de conservação dos bondes, o militar afirmou que vai processar o estado:

- Esse não foi o primeiro acidente. Vamos cobrar a responsabilidade do poder público. Se o trem saísse do trilho nos arcos da Lapa todos teriam morrido - afirmou Nerei Barbosa, que sofreu um corte na orelha e uma fratura na perna.

Nerei e a cunhada, que teve fraturas na perna, na bacia e um corte no supercílio, receberam alta, na manhã de ontem. Com fratura exposta nas duas pernas, Maria da Consolação continua internada.

O militar também reclamou das condições de atendimento no Souza Aguiar. Ainda com fortes dores no peito, ele afirmou que não pôde fazer tomografia, porque o equipamento não estava funcionando.

Pela primeira vez no Rio, Maria de Fátima Correia, se emociona ao ver em sua câmera digital a foto da família. O que era para ser um passeio tranquilo de bonde se transformou em pesadelo.

- Não sei como não morri. Quando abri os olhos, tinham três pessoas mortas ao meu redor. Não esqueço de um marido gritando e pedindo para mulher ensaguentada não abandoná-lo - recordou Maria de Fátima.

Na entrada do Souza Aguiar, a paraense Vânia Bezerra recebia ontem, de mala e coração na mão, notícias sobre a filha Ingrid Bezerra, de 28 anos:

- Ela veio para o Rio participar de um congresso de psicologia. Viajei assim que soube que ela estava no bondinho - desesperou-se Vânia ao saber que a filha havia fraturado os braços, as mãos e as pernas.

- A equipe médica disse que os dedos dela estão muito fraturados e que têm risco de ela perdê-los - disse a mãe, aos prantos.
Segundo a pastoral de saúde do Souza Aguiar, uma equipe médica estuda a necessidade de amputação para conter uma gangrena na extremidade das mãos da psicóloga.

'Meu pai foi um heroi', diz filho de condutor de bonde que descarrilou em Santa Teresa

Fonte: O Globo

Aplausos, choro e revolta marcaram o enterro de três das cinco vítimas do acidente em Santa Teresa, na tarde de domingo no Cemitério de Inhaúma. O filho do motorneiro Nelson Correia da Silva, o técnico em panificação Nelson Correia da Silva Júnior, de 31 anos, disse que seu pai foi um heroi:

- Ele fez de tudo para salvar os passageiros. Trabalhar diariamente naquelas condições precárias, só sendo heroi.

O corpo do motorneiro chegou no início da tarde à capela Santa Isabel. Junto aos parentes, colegas e ex-colegas de profissão, além de moradores de Santa Teresa, prestaram solidariedade aos parentes.

Entre os moradores, o guia turístico Raphael Santana, de 25 anos, disse que Silva era conhecido como Tartaruga, pelo extremo zelo com a velocidade. Acompanhado da mulher, a francesa Laura Santana, radicada no país há quatro anos, ele diz que o problema dos bondes é a manutenção precária. No bairro há 12 anos, a comerciante Bianca Melo Costa, de 27 anos, ressaltou a coragem do condutor.

- Ele poderia ter abandonado o bonde, mas ficou gritando para os passageiros pularem e fez de tudo para frear - afirmou a comerciante, moradora do Largo das Neves.
Aposentado desde 2009 pela Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), que opera o sistema de Santa Teresa, Genildo de Carvalho, de 51 anos, lembra do colega como um homem gentil com turistas e idosos. A opinião é compartilhada por José Ferreira dos Santos Filhos, condutor dos bondes há 17 anos.
No enterro, colegas de Silva pediram uma salva de palmas para o motorneiro. Além do filho, Nelson deixou a mulher, Dulce Correia da Silva, e uma filha.

A auxiliar de creche Ivone da Silva Soares e o aposentado João Batista Soares foram enterrados, no início da tarde, no mesmo local. De acordo com o irmão de Ivone, Arivaldo da Silva, era a primeira vez que o casal passeava no bonde de Santa Teresa. Eles estavam acompanhados do genro, que continua internado no hospital Copa D'Or, e da filha, Sabrina Soares, que foi ao cemitério ainda com um curativo na mão.

- Não estou entendendo nada. Ainda quero saber onde estão meu pai e minha mãe - desabafou.

Bonde que descarrilou em Santa Teresa usava arame em vez de parafuso para prender peça, constata Crea

Fonte: O Globo

Foi enterrado na tarde deste domingo o corpo de Nelson Correia da Silva, condutor do bonde que tombou em Santa Teresa, na região central do Rio, matando outras quatro pessoas na tarde de sábado. O sepultamento ocorreu no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Ao todo, 53 pessoas ficaram feridas no acidente.

De acordo com amigos e passageiras antigas, Nelson sempre zelou muito pelo seu trabalho. Ele morava em Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense, e costumava iniciar o trabalho no turno da tarde. Tinha 57 anos, era casado, e deixa um casal de filhos, uma delas com necessidades especiais. "Seu Nelson era uma pessoa simples, super tranquilo, muito preocupado e zeloso com o trabalho", contou uma das passageiras, que há cerca de dois anos andava no bonde durante a semana com o mesmo condutor. Quando chovia, de acordo com ela, Nelson costumava jogar areia nos trilhos para ajudar na frenagem do carro.

Mais cedo, foram sepultados, também em Inhaúma, os corpos da funcionária pública Ivone da Silva Soares, de 52 anos, e do marido dela, o aposentado João Batista Assis Soares, 63. De acordo com o irmão de Ivone, o auxiliar de enfermagem Arivaldo da Silva, o casal comemorava o aniversário de João Batista. "Eles não tinham o costume de ir a Santa Teresa, mas foram comemorar o aniversário do João, que fez 63 anos no dia 17 de agosto. Ele tinha se aposentado há pouco tempo e estava muito feliz, fez várias comemorações de aniversário", contou.

Em nota , o governador Sérgio Cabral afirmou que lamenta profundamente o acidente. Cabral ainda determinou que a Secretaria de Transportes conduza um plano de modernizaçao dos bondes. Segundo ele, "as providências cabíveis serão tomadas, conforme o laudo final".

Engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), que fizeram vistoria neste domingo no bonde que descarrilou no sábado em Santa Teresa , constataram que, em vez de parafuso, um pedaço de arame prendia uma peça próxima a uma das sapatas de freio. Segundo o engenheiro Luiz Carlos Cosenza, a superlotação do bonde não seria o único motivo para o acidente que provocou cinco mortes e deixou 54 feridos. Ele alerta que o desgaste de peças e a falta de manutenção podem ter causado o descarrilamento. Equipes do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) fizeram, pela manhã, a perícia do veículo e também constataram desgaste nas peças. O laudo deve sair em 30 dias.

- Não deveria ter arame de forma nenhuma, mas não acredito que isso tenha sido a causa do acidente. Mas isso mostra o grau de degradação do sistema de bondes no Rio de Janeiro - ressaltou o engenheiro do Crea.

Na tarde deste domingo, moradores de Santa Teresa fizeram manifestação em frente ao caminhão que está transportando o bonde para a oficina. Cerca de 100 pessoas que se concentraram em frente ao Lago do Curvelo foram ao encontro do veículo, na Rua Joaquim Murtinho, próximo ao local do acidente, e chegaram a sentar nos trilhos como forma de protesto. A manifestação, agora, voltou ao Largo do Curvelo e está sendo acompanhada pela PM.

Moradores do bairro também colocaram um pano preto no alto do muro em frente ao local do descarrilhamento para marcar o luto pelos mortos. Flores foram deixadas perto do local. Os corpos de Nelson Correa da Silva, João Batista Soares e Ivone da Silva já deixaram o Instituto Médico-Legal, mas ainda estão lá os de uma turista do Rio Grande do Sul e de uma menina de 12 anos. De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, 10 vítimas continuam internadas. Todos foram submetidos a cirurgias e estão estáveis. O caso mais grave é o de um menino de 3 anos, internado no CTI pediátrico do Souza Aguiar, que está em observação. Cinco turistas (três franceses, um português e um inglês) estavam entre os feridos, mas também já foram liberados.

A Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast) divulgou uma nota em seu site em que classifica o acidente como uma tragédia anunciada. A Amast culpa o governo do estado por omissão e descaso com o sistema de bondes no bairro. O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, que esteve ontem à noite no local do acidente, lamentou as mortes e anunciou a suspensão do serviço. Ele disse que só vai se pronunciar sobre as denúncias da associação após o resultado da perícia.

Representantes da Agetransp, a agência reguladora de transportes do Rio, e da empresa que administra o bonde de Santa Teresa acompanharam o trabalho dos peritos na Rua Joaquim Murtinho. O tráfego de veículos na via é feito em apenas uma pista. Guardas municipais estão no local para orientar os motoristas.

No momento do acidente, o bonde estava com excesso de passageiros: 62 enquanto o máximo permitido é 40. Segundo o comandante do Destacamento de Bombeiros do bairro, Fábio Couri, quatro vítimas do acidente morreram na hora. Uma chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Entre os mortos, estava o motorneiro que conduzia o veículo e que, segundo testemunhas, estava fazendo aniversário.

Embora seja o mais grave, este não é o primeiro acidente com o transporte em Santa Teresa. Em junho, o turista francês Charles Damien Pierson morreu após despencar de um bonde que passava sobre os Arcos da Lapa. Ele viajava no estribo quando escorregou e caiu de uma altura de aproximadamente 15 metros.

Em 2009, a professora Andreia de Jesus Resende, de 29 anos, morreu e outras dez pessoas ficaram feridas após um bonde perder o freio numa ladeira de Santa Teresa e ser atingido por um táxi. Ao deixar o veículo em pânico, a professora foi atropelada por um ônibus.

Acidente com bonde em Santa Teresa deixa mortos e feridos

Fonte: O Globo

Cinco pessoas morreram e 57 ficaram feridas na tarde deste sábado, depois que um bonde de Santa Teresa descarrilou e tombou quando descia a Rua Joaquim Murtinho, na altura do número 273, perto do Largo do Curvelo. Segundo o comandante do Destacamento de Bombeiros do bairro, Fábio Couri, quatro morreram na hora. Uma das vítimas chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Entre os mortos, estava o motorneiro que conduzia o veículo. Segundo testemunhas, ele fazia aniversário neste sábado.

Dezesseis feridos foram levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro; seis, para o Hospital do Andaraí; e cinco para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Outros 27 foram levados de ônibus para outras unidades. De acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões, o estado de quatro vítimas é grave. Segundo a secretaria municipal de Saúde, alguns feridos precisam ser operados.

- O bonde estava super lotado e naturalmente isso contribuiu para o acidente - afirmou Simões. - A perícia está no local, mas é preciso ressaltar que o acidente aconteceu num lugar delicado, numa descida em curva.

O secretário de Transportes, Julio Lopes, esteve em Santa Teresa à noite e lamentou o acidente, que, segundo ele, representa uma tragédia para o turismo na cidade. Lopes disse que o serviço de bondes no bairro ficará suspenso até que sejam apuradas as causas.

O secretário, que foi vaiado ao chegar no local do acidente, admitiu que o bonde passava por reformas, mas informou que os reparos ainda não tinham sido concluídos. Segundo ele, há informações de que o bonde estaria super lotado.

- A questão da superlotação e do uso inadequado é algo que nos preocupa muito e temos informações preliminares de que o bonde estava muito cheio - disse ele. - Foi uma fatalidade, uma tragédia e teremos transparência na apuração deste caso.

Ao site G1 , testemunhas afirmaram que o bonde perdeu o freio. O comandante dos bombeiros disse, porém, que apenas a perícia pode comprovar o que de fato causou o acidente.

O secretário informou ainda que a secretaria de Transporte está em entendimento com o Ministério Público para fazer um TAC (termo de ajustamento de conduta).

- Estamos preocupados com o funcionamento dos bondes há muito tempo, precisamos recuperar e reordenar o seu uso - acrescentou.

Embora seja o mais grave, este não é o primeiro acidente com o transporte em Santa Teresa. Em junho, o turista francês Charles Damien Pierson morreu após despencar de um bonde que passava sobre os Arcos da Lapa. Ele viajava no estribo quando escorregou e caiu de uma altura de aproximadamente 15 metros.

Em 2009, a professora Andreia de Jesus Resende, de 29 anos, morreu e outras dez pessoas ficaram feridas após um bonde perder o freio numa ladeira de Santa Teresa e ser atingido por um táxi. Ao deixar o veículo em pânico, a professora foi atropelada por um ônibus.