sexta-feira, 12 de março de 2010

Metrô-Rio é apontada pelos leitores do GLOBO como a pior concessionária da cidade

Fonte: O Globo

RIO - Mesmo após o anúncio do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 e dos investimentos que serão trazidos para a cidade receber o evento, uma série de problemas de infraestrutura tem mostrado que há muito a ser feito. O carioca tem sofrido constantemente com a superlotação e com defeitos técnicos em transportes públicos, além de falta de energia na época mais quente do ano. Em enquete realizada pelo site do GLOBO, da qual participaram 2008 leitores, a Metrô-Rio foi apontada como a pior concessionária da cidade, com 31,42% (631) dos votos. Em segundo lugar veio a Light, com 14,64% (294), seguida pela SuperVia, em terceiro, com 6,57% (132).

Em quarto lugar, os leitores escolheram a Barcas S/A, que recebeu 6,37% (128). Em quinto, ficou a Cedae, com 5,63% (113), e por último a CEG, com 0,90% (18). A insatisfação, no entanto, é geral: 32,77% (658) disseram estar insatisfeitos com todas as empresas, superando até mesmo a votação na Metrô-Rio. Apenas 1,69% (34) afirmou que não acha que os serviços prestados estejam especialmente ruins.

Procuradas para comentar o resultado da enquete, Light e Supervia disseram que vão se pronunciar mais tarde. Confira a íntegra da nota enviada pela Metrô Rio:

"A concessionária Metrô Rio está ciente dos problemas e vem trabalhando incessantemente para solucioná-los. Somente a partir de 2007, a empresa pôde comprar novos trens e expandir a rede, o que antes era obrigação do Governo do Estado. Até então, a concessionária era responsável apenas pela operação e manutenção das linhas 1 e 2. Desde 2007, o Metrô Rio está investindo R$ 1.15 bilhão no aumento da capacidade de transporte, com a compra de 19 novos trens que chegam a partir de 2011, a construção da Conexão Pavuna-Botafogo e das estações Cidade Nova e Uruguai, além da modernização de sistemas e das estações. Ao concluir todas as melhorias, a capacidade do transporte vai dobrar para 1,1 milhão de passageiros/dia."

A CEG, concessionária mais bem colocada na pesquisa realizada pelo GLOBO, também divulgou nota oficial abordando a questão.

"Sobre o ranking elaborado pelo site do GLOBO, a CEG informa que continuará investindo em projetos e iniciativas voltados para a satisfação do consumidor. O objetivo da Companhia é continuar recebendo o reconhecimento de seus clientes para que nas próximas pesquisas não seja citada na lista das prestadoras de serviço mais criticadas pelo carioca. Prova dessa preocupação com o cliente é o lançamento, na próxima segunda-feira, da Cartilha do Consumidor, que traz as responsabilidades da empresa e do consumidor.

Nos últimos meses, as denúncias de leitores sobre falta de luz em vagões do metrô, fungos em composições e até mesmo um aguaceiro que molhou passageiros, já demonstravam as insatisfações dos usuários do transporte. Os problemas com o metrô se agravaram após a inauguração da Linha 1A, que faz a conexão direta Pavuna-Botafogo. Já no dia seguinte ao início do novo sistema, houve superlotação nas estações e nove pessoas passaram mal e precisaram ser atendidas.

Nesta sexta-feira, um trem da Linha 1 ficou parado por 13 minutos na Estação Cardeal Arcoverde, e as vendas de bilhetes chegaram a ser suspensas nas três estações de Copacabana (Arcoverde, Siqueira Campos e Cantagalo) e na da Praça General Osório, em Ipanema, por volta das 13h45m. Na última quarta-feira, um trem da Linha 2 do metrô que fazia a ligação direta Botafogo-Pavuna ficou parado por 25 minutos entre as estações Central do Brasil e São Cristóvão, por volta das 20h. Impedidos de desembarcar, os usuários ficaram presos em vagões sem luz e sem ar-condicionado. Algumas pessoas saíram carregadas. No mesmo dia, pela manhã, uma composição da Linha 1 apresentou defeito no sistema de tração quando chegava à Estação Flamengo. A Agência Reguladora de Serviços Público Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) anunciou na terça-feira que abrirá processo regulatório para avaliar as condições de operação do metrô desde a inauguração da Linha 1A. Em fevereiro, a agência já havia estipulado um prazo de quinze dias para a melhoria no funcionamento da nova linha.

Problemas recentes colocaram a Light em segundo lugar no ranking

A Light, que ficou em segundo lugar do ranking de pior concessionária da cidade, também está na mira de órgãos competentes. Somente esta semana, faltou luz no Centro por três dias consecutivos, deixando às escuras a Rua Uruguaiana e as avenidas Presidente Vargas, Passos e Rio Branco. Por causa dos apagões, o Procon-RJ notificou nesta quinta-feira a concessionária e deu um prazo para que a empresa apresente, em dez dias, explicações sobre os problemas. Nos últimos dez anos, a Light foi multada em aproximadamente R$ 21,1 milhões pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por questões relacionadas à má prestação de serviço, sendo que cerca de 60% do montante referem-se a problemas que atingiram os consumidores cariocas desde o ano passado. O último processo é referente às falhas de manutenção que foram responsáveis pelo apagão no Leblon, em Ipanema e em Copacabana, na Zona Sul, em novembro de 2009.

Os efeitos das constantes interrupções de energia têm causado transtornos ainda maiores por causa do calor desta época do ano: entre os dias 9 e 10 de fevereiro, moradores de 18 bairros do Rio enfrentaram a falta de luz, justamente quando as temperaturas oscilaram entre 38 e 40 graus. A situação mais grave foi na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, onde o abastecimento foi interrompido por mais de 48 horas.

Supervia ficou em terceiro lugar

A SuperVia, que ficou em terceiro lugar na votação dos leitores de O GLOBO, também tem sido protagonista de diversos transtornos à população. Nesta sexta-feira, um defeito num trem do ramal Campo Grande-Central causou transtornos para quem seguia em direção ao Centro. Na última quarta-feira, dois problemas em diferentes horários fizeram os passageiros andar pela linha férrea até a próxima estação: pela manhã, os usuários de uma composição do ramal de Japeri tiveram que andar por cerca de 500 metros, depois que o trem apresentou uma pane e parou. À noite, uma composição do ramal de trem de Deodoro Parador, no sentido Deodoro, apresentou problemas na Estação do Engenho Novo. Os passageiros tiveram que desembarcar, e a outra composição que vinha logo atrás não teve como seguir viagem, porque o primeiro trem enguiçou após a área de manobra da linha férrea, sem ter como circular. O maquinista da segunda composição abriu as portas para que centenas de passageiros também desembarcassem e caminhassem pelos trilhos em direção à Estação de Engenho Novo.

Este ano, no entanto, o episódio mais marcante envolvendo a SuperVia aconteceu em meados de janeiro, quando uma composição que deixou a Estação de Japeri, na Baixada Fluminense, em direção à Central do Brasil andou de Ricardo de Albuquerque até pouco antes de Oswaldo Cruz (num total de três estações) sem maquinista, em alta velocidade, parando somente quando a energia foi cortada. De acordo com os passageiros, o maquinista teria descido do trem para resolver o problema, mas a composição saiu andando pelos trilhos, sem comando, e com as portas abertas.

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