terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Trem: SuperVia pode ter concessão cassada

Liminar da 6ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, em outubro do ano passado, obriga a SuperVia a resolver seus problemas operacionais sob pena de multa de R$ 100 mil por dia. Segundo o promotor estadual Carlos Andresano Moreira, caso fique comprovado que a SuperVia não cumpriu os termos da liminar — que incluem tirar de circulação as composições avariadas e informar sobre possíveis problemas técnicos — e colocou em risco a vida de seus passageiros, pode até perder sua concessão. Moreira foi quem iniciou a ação contra a concessionária.

“Vamos ver a recorrência dessas infrações e fazer um cálculo do valor da multa, caso a concessionária não faça nada para melhorar seu serviço. Se a multa não for suficiente, isso não impede que em um futuro próximo o MP ingresse com pedido para que os administradores sejam pessoalmente responsabilizados, podendo chegar até a cassação da concessão”, explica.

Para Hostílio Xavier Ratton Neto, professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, somente a hipótese de falha mecânica ou humana pode explicar o fato de o trem viajar por tanto tempo sem maquinista: “Ainda que haja um declive logo depois da estação, fato que justificaria a alta velocidade, não há explicação para ele andar sozinho sem uma falha no sistema de aceleração ou sem que alguém tenha acionado a alavanca do painel de controle. O maquinista pode não ter acionado o freio de estacionamento ou estava com defeito. Poderia terminar em tragédia”.

Mudança de vagão por medo de colisão

Pelo menos 20 pessoas que estavam no ‘trem-fantasma’, como a composição desgovernada está sendo chamada pelos passageiros, reuniram-se ontem com um advogado com o objetivo de processar a SuperVia. Revoltados, eles contaram que só não houve uma tragédia por milagre. Com medo de uma colisão, quem estava nos vagões da frente atravessava as portas para ir para os da parte de trás da composição.

O eletricista Pablo Luciano, 27 anos, foi um dos passageiros que se jogaram do trem em movimento. “Imagina se tivesse algum trem parado no caminho? Estaríamos todos mortos”, acredita o passageiro Melchiesedec da Silva, 36.

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