segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Metrô: MP pede que Justiça suspenda a operação da Linha 1A do metrô do Rio

Fonte: O Globo

A superlotação do metrô depois da inauguração da Linha 1A, que ligou as estações Botafogo e Pavuna sem baldeação no Estácio em dezembro de 2009, problemas na sinalização e consequente risco de colisão entre os trens levou o Ministério Público Estadual (MP) a pedir à Justiça a interrupção imediata da operação da nova linha. Na última sexta-feira, o promotor Carlos Andresano Moreira, da 3ª Promotoria de Justiça e Defesa do Consumidor, apresentou uma ação civil pública, com pedido de liminar, solicitando que o antigo sistema seja restabelecido até que se verifiquem condições adequadas de operação.

Para o MP, a conexão direta entre Pavuna e Botafogo só pode funcionar com a conclusão das obras da estação Cidade Nova, a implementação de um sistema automático de sinalização, a chegada dos 114 trens encomendados pela concessionária Metrô Rio (com entrega prevista para 2011) e o restabelecimento do intervalo de quatro minutos entre os trens.
Rampa antes de bifurcação aumenta risco de acidente

A ação pede ainda uma solução para as panes que têm paralisado o metrô. Problemas na sinalização e inclinação inadequada num trecho da Linha 1A, com alerta para riscos de acidentes, complementam as alegações do MP. Segundo o promotor, a ação foi motivada por inúmeras reclamações de usuários.

- Quando foi formalizada a ampliação da concessão, a Metrô Rio se comprometeu a manter o intervalo entre os trens de quatro minutos. Hoje chega até a seis minutos - relata o promotor. - No dia 25 de janeiro, fizemos uma vistoria. Nosso técnico constatou que o limite de quatro pessoas por metro quadrado dentro do vagão não está sendo respeitado. Nesse dia, havia 6,5 pessoas por metro quadrado. Eles mesmos anunciaram que a procura aumentaria. O ar condicionado também não dá vazão.

Ele ressalta que o metrô foi criado como um sistema de linhas independentes. Para viabilizar a Linha 1A, foi construída uma bifurcação entre a Central e São Cristóvão que exige um sistema de sinalização para evitar colisões, considerado inadequado pela perícia técnica do MP. A ação inclui um estudo do engenheiro de transportes Fernando Mac Dowell. Segundo ele, antes de chegar à bifurcação, o trem passa por uma rampa com inclinação de quase 4%, o que aumenta os riscos de colisão:

- Se o trem perde o freio, fica ainda mais difícil evitar uma tragédia.

Na vistoria, o promotor, acompanhado pelo deputado estadual Alessandro Molon, percorreu esse trecho na cabine do condutor, de onde pode observar o sistema de sinalização.

- Em dois momentos, o condutor para o trem e pede autorização para seguir viagem, o que é concedido por funcionários com rádios. É um controle precário, que oferece risco aos usuários. A sinalização estava coberta por sacos. Um transporte que se tinha por seguro hoje é duvidoso. Como eles inauguram uma operação com tantas deficiências e de maneira tão apressada? - questiona. - Não vemos outra alternativa a não ser pedir a volta ao sistema de baldeação, que não dava confusões diárias. Além disso, o Sindicato dos Metroviários nos informou que os condutores estão sofrendo com insolação devido ao calor nas cabines. E soube por eles que o condutor que nos permitiu a entrada na cabine no dia da vistoria foi demitido.

O promotor espera que a liminar seja julgada até o fim desta semana. A Metrô Rio informou que só vai se pronunciar sobre a ação depois que for notificada pela Justiça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário