terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Bilhete Único em marcha lenta

Fonte: O Dia

Rio - No primeiro dia útil de funcionamento do Bilhete Único, alguns dentre os 1.720.000 passageiros habilitados para usar o cartão enfrentaram problemas e nem puderam testá-lo. O sistema — que garante por R$ 4,40 o pagamento de duas passagens, sendo uma delas de trajeto intermunicipal — custará ao governo estadual R$ 220 milhões ao ano. Esse é o valor estimado do quanto o estado pagará às empresas de ônibus para completar o valor da tarifa economizada pelos usuários.


A professora Michele teve de pagar R$ 14,40 em vez dos R$ 8,80 a que tem direito no Bilhete Único. Foto: Fernando Souza/Agência O Dia

“Quando passei o bilhete, apareceu o valor de R$ 4,40, mas o sistema não liberou a roleta. O jeito foi bancar os R$ 5,20 do meu bolso”, reclamou Cleide Maria Silva de Oliveira, 46 anos, que embarcou no ônibus Saracuruna-Central, em Jardim Primavera, Duque de Caxias, ontem de manhã.

Situação semelhante viveu a diarista Alexandra Xavier, 35. O validador acusou ‘saldo insuficiente’: “Foi uma situação chata, porque havia crédito. Tive que pagar a passagem, R$ 4,80”. Em vez de gastar R$ 8,80 com o benefício para ir a voltar de creche da UFRJ, na Ilha do Fundão, onde trabalha, a professora Michele Morgani de Melo, 28, gastou R$ 14,40, soma das quatro passagens nas linhas Nova Iguaçu-Central e Bonsucesso- Aeroporto.

O limite de tempo de duas horas entre o primeiro embarque e o segundo se mostrou muito apertado, em teste feito ontem por O DIA. A equipe gastou uma hora e 53 minutos na linha 113B (Nova Iguaçu-Central), de Nova Iguaçu até o terminal Américo Fontenelle, na Central. Só restaram sete minutos para percorrer 250 metros a pé até a Avenida Presidente Vargas e embarcar no primeiro ônibus de linha municipal que apareceu, no caso o 132 (Central-Leblon). “Gasto em média pouco mais de 2 horas para fazer o trajeto da minha linha”, disse o motorista do 113B, Natanael Teixeira de Mendonça.

PRAZO PODE SER REVISTO

O secretário estadual de Transporte, Julio Lopes, voltou a afirmar que pode rever o limite de tempo: “O governo vai estudar nos próximos 3 meses a mudança de hábito da mobilidade da população, levantar os custos e avaliar a possibilidade de fazer uma série de revisões, como estender o tempo para o uso do bilhete”. A secretaria considera que as falhas de ontem foram apenas problemas pontuais e afirma que eles já foram resolvidos.

“Em Niterói, por exemplo, cerca de 25 pessoas não puderam fazer uso do bilhete por conta do aumento das passagens de algumas linhas municipais. Esse fato acabou gerando incompatibilidade no sistema”, explicou Lopes.

Economia de mais de 50% na tarifa

Quem conseguiu usar o cartão comemorou a economia de mais de 50% na passagem. “O Bilhete Único caiu do céu para mim! Eu gastava R$ 18,80 por dia para viajar de Magé, na Baixada, até a Uerj, no Maracanã. Agora vou pagar só R$ 8,80”, festejou a estudante Pedrina Guedes, 27 anos.

Ontem o movimento nos postos de compra do Bilhete Único foi grande o dia todo. O da Central concentrou mais filas, mas há vários outros como no Menezes Cortes e nas barcas, das 8h às 17h. Mais informações no telefone 2127-4000.

Pane de 10 minutos para metrô e agência abre nova investigação

Quem viajava de metrô na tarde de ontem enfrentou mais um problema no sistema. Um trem da Linha 2 que ia para Botafogo ficou parado por 10 minutos na estação da Uruguaiana, obrigando a retirada dos passageiros da composição.

Depois do incidente, o Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio (Agetransp) enviou equipe ao local para investigar as causas da paralisação.

A Metrô Rio informou que o trem precisou ser parado por uma medida de segurança. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, um dispositivo de prevenção de acidentes localizou um problema na composição e, para evitar transtornos, o trem foi recolhido e os passageiros que viajavam nele, retirados. A interrupção, afirma a Metrô Rio, durou dez minutos.

Usuários desse meio de transporte vêm enfrentado uma via crúcis, com problemas de superlotação, calor excessivo e panes quase diárias. Sexta-feira, o último vagão de uma composição se desprendeu dos demais quando um trem saía de Triagem. O problema interrompeu por cerca de 20 minutos a circulação na Linha 2 e causou reflexos na Linha 1.

Hoje, o deputado Alessandro Molon (PT) protocola um pedido de abertura de CPI para apurar os problemas no metrô e nos trens da SuperVia.

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