terça-feira, 30 de agosto de 2011

'A culpa não foi dele', diz vítima de acidente com bonde sobre motorneiro

Fonte: O Dia

Uma das vítimas do acidente com bonde em Santa Teresa no último sábado, Liliane Martins, de 24 anos, saiu em defesa do motorneiro Nelson Correa da Silva. Para Liliane, o que aconteceu poderia ser evitado com a manutenção do transporte e, além disso, o motorneiro que estava à frente do bondinho não pode ser apontado como o culpado.

"A culpa não foi dele, foi uma fatalidade", disse a vítima em entrevista ao RJTV, da TV Globo, nesta terça-feira.

O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, concedeu entrevista coletiva na tarde de segunda-feira e garantiu que não tem responsabilidade direta no acidente que matou cinco pessoas e feriu outras 57. "Vou me defender. Tenho convicção de que a segurança não foi negligenciada. Não era minha responsabilidade direta. Responderei com tranquilidade a tudo que me for arguido. Tenho notas fiscais e provas de que que os investimentos foram feitos. Ocorreu uma fatalidade", afirmou.

O secretário disse que vai contratar uma empresa pública para fazer auditoria e que o serviço seguirá suspenso até a conclusão deste trabalho. Lopes confirmou que às 15h de sábado, o bonde conduzido por Nelson Correa da Silva se chocou com um ônibus. O condutor teria feito o registro de ocorrência e, nas palavras do secretário, deveria ter voltado para a oficina. Segundo Lopes, não há explicação para o fato do bonde ter mais de 60 pessoas quando deveria estar vazio.

Além disso, o engenheiro da Central, Cláudio Nascimento, disse que a existência de um arame substituindo um parafuso pode ter sido feita por um motorneiro, de forma improvisada até a chegada na oficina. "Temos nota da compra do parafuso", garantiu, reforçando que o calendário de manutenção dos bondes está em dia. Júlio Lopes ainda disse desconhecer as queixas do sindicato dos ferroviários de que a situação dos bondes não é adequada.

Integrantes da Associação de Moradores de Santa Teresa se revoltaram com as declarações de Lopes e protestaram com faixas, acusando o secretário de omissão. A presidente da entidade, Elzbieta Mitkiewicz, era uma das mais indignadas. "Estou enojada. Ele (Lopes) jogou a culpa no morto, que não pode se defender".

Inquérito

Funcionários Companhia estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central), que administra os bondes de Santa Teresa serão intimados a depor. A polícia quer saber informações técnicas e administrativas sobre a manutenção dos veículos e a dotação orçamentária da empresa para saber se os recursos são suficientes para a manutenação dos bondes.

Nesta terça-feira, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) estiveram na oficina de manutenção dos bondinhos. Eles recolheram sapatas e outras peças que serão levadas para análise.

Feridos

Quinze pessoas feridas no acidente com o bondinho de Santa Teresa, no sábado, ainda estão internadas. A rede de hospitais D'Or informou nesta terça-feira que seis pessoas estão internadas em duas de suas unidades. No Quinta D’Or, um paciente está internado em um quarto, sem previsão de alta, com estado de saúde estável. Já no Hospital Copa D’Or, cinco pacientes passarão por intervenção cirúrgica nesta terça e não há previsão de alta.

Um menino de três anos permanece internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital Souza Aguiar e seu estado de saúde é estável. No Souza Aguiar, três mulheres estão internadas e passam bem. Uma delas passou por uma cirurgia nesta terça. Um jovem internado no hospital Miguel Couto também passa bem. No Hospital São Lucas, em Copacabana, mais quatro pessoas estão internadas.

Comemoração se transformou em inferno


Era para ser um passeio para comemorar a formatura no curso da Marinha, mas a tarde no bairro com nome de santa virou um inferno. Douglas Tavares, de 31 anos, que estava com mãe e uma amiga da família no bondinho conta que, na hora do acidente, os passageiros se desesperaram. “Começou a pegar velocidade e as pessoas gritavam. Muitas pularam”, lembra. Douglas teve cortes na cabeça e rosto. A mãe, Maria Elisa Machado, de 64 anos, segue internada. A amiga da família, Anaisa Rizzoli Gazziotte, 63, achou que morreria: “Vi a morte. Quando o bonde tombou, muitas pessoas caíram em cima de mim”.

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