quarta-feira, 26 de maio de 2010

Trem: SuperVia é multada em R$ 590 mil por 'trem fantasma'

Fonte: O Dia

A SuperVia recebeu, nesta terça-feira, uma multa por um incidente ocorrido, em janeiro deste ano, com um trem que circulou sem maquinista. A punição foi aplicada pela Agência Reguladora de Transportes do estado do Rio, a Agetransp.

Na ocasião, a composição percorreu, em alta velocidade e sem condutor, o trecho entre as estações de Ricardo de Albuquerque e Madureira, no subúrbio do Rio. A multa é referente a 0,2% do faturamento anual da empresa em 2009 e pode chegar a R$ 590 mil. De acordo com o inquérito, a Supervia alegava ter sido vítima de sabotagem.

Pane apavorou passageiros

Uma pane em um trem da SuperVia deixou cerca de 1.200 passageiros em pânico na manhã do dia 18 de janeiro, no ramal de Japeri. Segundo relatos, a composição, que estava parada por problemas mecânicos, começou a andar em alta velocidade por volta das 6h15, sem maquinista e com as portas abertas. Desgovernado, o trem percorreu pelo menos seis quilômetros entre as estações de Ricardo de Albuquerque e Oswaldo Cruz.

O problema foi investigado pela Agetransp (agência que fiscaliza do serviço), pela Secretaria Estadual de Transportes e pelo Ministério Público Estadual.




“Era um desespero só, mulheres grávidas, com criança de colo, idosos, todos caindo no chão, gritando para que o trem parasse, enquanto outras gritavam ‘Está sem maquinista!!!’”, descreveu o jornaleiro Alberto Marcondes, 51 anos, um dos passageiros que lotavam os vagões no momento do acidente.

O trem só parou após a concessionária desligar o fornecimento de energia pela rede aérea, na altura de Oswaldo Cruz. O problema, que afetou alguns equipamentos da linha férrea, causou atrasos de até 40 minutos na circulação de trens do ramal. O fluxo só foi normalizado às 9h10, quase três horas depois.



Segundo passageiros, o trem começou a mostrar sinais de avaria — como descontrolada abertura das portas — pouco antes da estação de Ricardo de Albuquerque. Ao chegar lá, o maquinista teria descido para verificar o problema, quando a composição começou a andar sozinha, levando ao desespero quem estava no trem lotado.

O condutor, identificado como Márcio Pereira, conversou com o presidente do Sindicato dos Ferroviários, Walmir de Lemos, e confirmou que não estava na cabine quando ele disparou pelos trilhos. “Ele ficou muito assustado quando viu o trem dar partida sozinho”, disse Walmir, acrescentando que pedirá ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, à Agetransp e à Comissão de Transportes da Alerj que apurem os motivos do ocorrido.

“Ou alguém entrou na cabine e deu partida, ou o ar do freio acabou, e o trem entrou em movimento por estar numa descida, sendo alimentado pelo pantógrafo (dispositivo no alto do trem responsável pela alimentação elétrica)”, considerou Walmir.

Segundo o sindicato, no entanto, Marcio — novato na função — fez apenas 6 meses de curso preparatório. A categoria sustenta que o treinamento, que era de um ano, além do estágio, foi reduzido, o que ofereceria riscos para a segurança do sistema.

Mudança de vagão por medo de colisão

Pelo menos 20 pessoas que estavam no ‘trem-fantasma’, como a composição desgovernada está sendo chamada pelos passageiros, reuniram-se ontem com um advogado com o objetivo de processar a SuperVia. Revoltados, eles contaram que só não houve uma tragédia por milagre. Com medo de uma colisão, quem estava nos vagões da frente atravessava as portas para ir para os da parte de trás da composição.

O eletricista Pablo Luciano, 27 anos, foi um dos passageiros que se jogaram do trem em movimento. “Imagina se tivesse algum trem parado no caminho? Estaríamos todos mortos”, acredita o passageiro Melchiesedec da Silva, 36.

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