segunda-feira, 15 de abril de 2013

Ao lado da linha férrea, caminhos de um subúrbio abandonado

Se o desenvolvimento da Zona Norte seguiu o caminho dos trilhos, hoje, às margens das linhas de trem e do metrô, algumas das ruas, avenidas e estradas mais degradadas e perigosas do Rio revelam um subúrbio abandonado. Sim, há oásis de prosperidade, como o comércio de Madureira ou a euforia do mercado imobiliário em bairros como Irajá. Mas, ao atravessar os mais de cem quilômetros de vias que ladeiam as linhas férreas da região, logo se nota que a realidade é outra na maior parte do trajeto.

Numa das pontas desse percurso, o exemplo extremo: beirando a linha do trem em Costa Barros, ruas como a Mogiqui e as avenidas José Arantes de Melo e Professor Bernardino Rocha ficam no meio do fogo cruzado de favelas dominadas por facções rivais do tráfico. E foram apelidadas por moradores e até policiais como a nova Faixa de Gaza da cidade. Além da violência, nessas ruas problemas encontrados em outras vias ao lado da linha férrea surgem de forma dramática. Na maior parte do trecho, as calçadas não têm pavimento. E o lixo se acumula. Na José Arantes de Melo, a própria Comlurb admite que é difícil realizar a limpeza e a coleta domiciliar com eficiência e regularidade, por falta de segurança.

— Se tivesse dinheiro, já tinha ido embora — afirmou uma moradora da favela do Chapadão, sem se identificar.

Comércio começa a se recuperar em Ramos Vizinha a Costa Barros, a Pavuna também assiste a uma escalada do crime. No bairro, assaltos em vias como a Avenida Martin Luther King Junior, à beira da Linha 2 do metrô, amedrontam os moradores. Só no mês passado, foram 76 roubos de veículos na região, segundo dados da 39ª DP (Pavuna). Enquanto isso, na outra ponta da avenida, próxima à Linha Amarela, Inhaúma registra diminuição da violência.

— Mas esse trecho ainda demanda atenção especial — diz o delegado Fábio Asty. — Roubos de carros, por exemplo, são cometidos em alguns trechos por bandidos das comunidades do Engenho da Rainha e do Juramento e, às vezes, por remanescentes do Alemão.

Contrastes parecidos no ramal Saracuruna do trem, cortando o subúrbio da Leopoldina. Em Ramos, na Rua Uranos, que já sofreu com a violência do Alemão, comerciantes voltaram a manter o comércio aberto até tarde. Assim como na Penha. Mas perto dali, em Cordovil, o colégio Alcântara extinguiu o turno da noite, temendo a violência.

— Tudo nesta área decaiu. Existia uma vida aqui, que foi diminuindo até sumir — lamenta o diretor da escola, Paulo Cesar Alcantara.

Fonte: O Globo

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