quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Trem: Agetransp instaura processo para apurar causas da paralização

Fonte: O Dia

Milhares de passageiros que usam o ramal de trem de Saracuruna — por onde transitam 70 mil pessoas ao dia — ficaram a pé ontem de manhã, após uma composição que seguia para a Central do Brasil sofrer pane no pantógrafo — equipamento que fica em cima do trem para captar a energia que o movimenta. Dez estações da SuperVia (Saracuruna, Jardim Primavera, Campos Elíseos, Gramacho e Caxias, na Baixada, além de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cordovil, Brás de Pina e Penha Circular, no Rio) não funcionaram a manhã toda.

Até ontem a noite, passageiros ainda precisavam fazer baldeação em Gramacho, trocando de trem para o destino final de Saracuruna. A previsão era de que o sistema fosse normalizado só de madrugada. O defeito ocorreu às 7h30, perto de Gramacho, obrigando os passageiros a caminhar cerca de 500 metros pelos trilhos. Muitos desistiram de ir ao trabalho ou correram para pontos de ônibus.

“Vou ter que voltar para casa, porque não tenho dinheiro para pagar outra condução e seguir até Olaria, onde trabalho”, reagiu Ana Edite Maria de Jesus, 56. Marco Antônio da Silva, 34, também ficou no meio do caminho. “Não tenho como chegar ao trabalho, na Tijuca. Ofereceram um bilhete para eu viajar amanhã. Quero saber quem vai pagar o meu dia hoje”, protestou.

Os primeiros reparos foram concluídos às 8h30, permitindo a retomada das viagens, entre a Central e Caxias. Gramacho, Campos Elíseos, Jardim Primavera e Saracuruna continuaram sem o transporte até a tarde, quando a circulação dos trens normalizou só até Gramacho.

Princípio de tumulto

Na estações de Gramacho e Saracuruna, houve início de tumulto, ontem, entre passageiros que queriam a devolução da passagem e policiais do 15º BPM (Caxias) que reforçaram a segurança. A SuperVia informou que 5 mil pessoas receberam vale-viagem.

“É uma falta de vergonha! Para nos devolverem o dinheiro da passagem, foi um Deus nos acuda”, reclamou a acompanhante de idoso Maria Damiana, 48, que trabalha no Flamengo, e teve de pegar o ônibus da linha Jardim Leal-Central, pagando R$ 1,15 a mais para chegar até a rodoviária Novo Rio.

Luciano Silva, 19, reclama do descaso. “O que irrita é a falta de respeito com os passageiros. O trem quebra e ninguém nos dá satisfação”, disse. Nas estações atingidas, um cartaz informava sobre o atraso e que não havia previsão para a normalização do serviço.


Multas somam R$ 1,4 milhão


A agência que regula o setor de transportes no estado, Agetransp, instaurou processo para apurar as causas da paralisação. Fiscais foram ao local da pane para inspeção.

De acordo com a Agetransp, a SuperVia já foi alvo, até agora, de 23 processos referentes a incidentes. Foram cinco multas ao longo deste ano, totalizando R$ 1.403.679,77. “No entanto, alguns destes processos foram objetos de recursos que ainda estão sendo julgados”, diz a agência em nota. As multas terão valor atualizado.
No último dia 8, um trem do ramal de Santa Cruz descarrilou entre a Praça da Bandeira e a Central. E pouco mais de 10 dias antes, outro problema operacional no mesmo ramal gerou atrasos.

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